domingo, 4 de setembro de 2016

STRANGER THINGS E OS SABORES DA INFÂNCIA



Ouvira dos amigos que aquela série era uma das melhores produzidas pela “Netflix”...coisas estranhas!
Arriscaria, afinal os tempos eram de “coisas estranhas”...de ódio mútuo, de pessoas se digladiando nas redes sociais, enquanto o “rei estava nu”. A história se repetira como tragédia...coisas estranhas!
Fora então para a TV e lá vira Stranger Things. Ficara encantado como as crianças, com cenas que faziam reminiscências a década de 80 (que ouvira de seus alunos fora uma década perdida economicamente, os alunos dele eram bem informados nas redes sociais...coisas estranhas)
Coisas estranhas é o que sentira ao ver a série. Lembrara da infância, tentou manter a distância e viver o presente e só o presente...”o passado já era, o futuro não existe” pensara de forma estoica, mas a série derrubou a máscara estóica.
Aquelas reminiscências o fizeram voltar pelo menos trinta e cinco anos no tempo, como no universo paralelo de Stranger Things, se vira na “vila pobre” bairro de uma pequena cidade do interior onde morava sua avó, a “vila pobre” deveria chamar-se “vila feliz”, mas já naquele tempo, os seres humanos já confundiam felicidade como poder aquisitivo… coisas estranhas!
Lembrara-se de como as tardes de domingos eram intensas...poeira levantado na rua sem asfalto, efeito do jogo de “bets”, molecada correndo suja pelas ruas, sem se importar se a inflação estava acabando com o salário dos pais, se o amigo era evangélico, católico, umbandista…eram amigos!
Tucano era só uma pássaro bicudo, coxinha era o que adorava-se comer com pimenta, irmãos metralha eram os vilões de Disney e vermelho era a goiabada que costumávamos passar no pão caseiro, feito no forno de barro da avó que sempre gostava da casa cheia! Hoje o vermelho pode levar a hermenêutica do ódio e depende onde você estiver corre o risco de apanhar...coisas estranhas!
Lembrou-se do velho “Jipe” do avô, apreciador de Brahma, não do deus hindu, mas da cerveja mesmo… Nas tardes de domingo colocava a “netaiada” naquele meio de locomoção e descia a toda (anjos da guarda existem...pensara ele ao lembrar daquelas descidas) a estrada que levara ao seu sítio, o “sítio do vô” e lá passava-se parte das tardes de domingo.
Hoje cuidar da vida para alguns parece ser um “peso existencial” ...coisas estranhas!
Por fim, ao ver stranger things pensara naquilo que os alunos chamaram de década perdida, e chegara a conclusão que podem dizer o que for da década de oitenta, podem condená-la economicamente, podem riscá-la da história, mas para os que a viveram como crianças é impossível não pensar que “coisas estranhas” acontecem no aqui e agora quando tudo que é “sólido se desmancha no ar”
“...eram estranhos” dirão os que olharem para aquela infância, “éramos felizes” dirão os que viveram aqueles tempos!