Ouvira
dos amigos que aquela série era uma das melhores produzidas pela
“Netflix”...coisas estranhas!
Arriscaria,
afinal os tempos eram de “coisas estranhas”...de ódio mútuo, de
pessoas se digladiando nas redes sociais, enquanto o “rei estava
nu”. A história se repetira como tragédia...coisas estranhas!
Fora
então para a TV e lá vira Stranger Things. Ficara encantado
como as crianças, com cenas que faziam reminiscências a década de
80 (que ouvira de seus alunos fora uma década perdida
economicamente, os alunos dele eram bem informados nas redes
sociais...coisas estranhas)
Coisas
estranhas é o que sentira ao ver a série. Lembrara da infância,
tentou manter a distância e viver o presente e só o presente...”o
passado já era, o futuro não existe” pensara de forma estoica,
mas a série derrubou a máscara estóica.
Aquelas
reminiscências o fizeram voltar pelo menos trinta e cinco anos no
tempo, como no universo paralelo de Stranger Things, se vira
na “vila pobre” bairro de uma pequena cidade do interior onde
morava sua avó, a “vila pobre” deveria chamar-se “vila feliz”,
mas já naquele tempo, os seres humanos já confundiam felicidade
como poder aquisitivo… coisas estranhas!
Lembrara-se
de como as tardes de domingos eram intensas...poeira levantado na rua
sem asfalto, efeito do jogo de “bets”, molecada correndo suja
pelas ruas, sem se importar se a inflação estava acabando com o
salário dos pais, se o amigo era evangélico, católico,
umbandista…eram amigos!
Tucano
era só uma pássaro bicudo, coxinha era o que adorava-se comer com
pimenta, irmãos metralha eram os vilões de Disney e vermelho era a
goiabada que costumávamos passar no pão caseiro, feito no forno de
barro da avó que sempre gostava da casa cheia! Hoje o vermelho pode
levar a hermenêutica do ódio e depende onde você estiver corre o
risco de apanhar...coisas estranhas!
Lembrou-se
do velho “Jipe” do avô, apreciador de Brahma, não do deus
hindu, mas da cerveja mesmo… Nas tardes de domingo colocava a
“netaiada” naquele meio de locomoção e descia a toda (anjos da
guarda existem...pensara ele ao lembrar daquelas descidas) a estrada
que levara ao seu sítio, o “sítio do vô” e lá passava-se parte das
tardes de domingo.
Hoje
cuidar da vida para alguns parece ser um “peso existencial”
...coisas estranhas!
Por
fim, ao ver stranger things pensara naquilo que os alunos
chamaram de década perdida, e chegara a conclusão que podem dizer o
que for da década de oitenta, podem condená-la economicamente,
podem riscá-la da história, mas para os que a viveram como crianças
é impossível não pensar que “coisas estranhas” acontecem no
aqui e agora quando tudo que é “sólido se desmancha no ar”
“...eram
estranhos” dirão os que olharem para aquela infância, “éramos
felizes” dirão os que viveram aqueles tempos!