quarta-feira, 2 de março de 2016

Carta aos quarenta









Chegastes...Cheguei
Há tempo para tudo debaixo do céu, diz o Eclesiastes,
Olhando o tempo repito os versos de Álvaro de Campos, uma pessoa do Pessoa:
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Sonhos, quantos tive? Inúmeros
Poucos realizei.
Mas isso não é um arrependimento, é uma constatação.
A vida é feita de escolhas. Não é feita de “ah se...”
Condicionais não fazem a vida.
As condições? Talvez.
Penso na morte...como companheira de jornada.
Parece-me mais próxima, essa proximidade porém qualifica a vida.
Hoje desejo viver intensamente cada minuto que me é permitido.
Entendo melhor o conceito de graça!
Pedir...nada mais.
Apenas agradecer aquilo que me é oferecido.
Ter alegria de viver e não ter a vergonha de ser feliz.
O desafio de tentar ser melhor a cada instante.
O prazer de voltar ao lar e contemplar o rosto acolhedor da pessoa amada,
Minha amiga e companheira no infinito de nós dois.
A vida se mostra madura
Hora de revisar, olhar para o tempo passado , perdoar-se, perdoar...e continuar
Viver o presente...que é o melhor “presente”.
Pois o futuro é uma incógnita, como na canção de Toquinho:
uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Quarenta anos seja bem vindo…
morituri te salutant,
pois , Viver é perigoso!