quarta-feira, 30 de maio de 2012

O AMOR QUE SE APAGA...


Quando olhares se cruzam e se apaixonam parece ser assim, como no título de um dos livros de Rubem Alves, um amor que acende a lua.  Beijos, promessas de felicidade. Promessas críveis é claro.   O problema é como manter acesso aquele olhar do poema da Adélia Prado, aquele olhar que os torna sempre “noivo e noiva”. Se não se mantêm acessa a chama o perigo da morte é sempre eminente. Foi assim que aquele amor acabou: não perceberam que as fagulhas que mantinham acesso o primeiro olhar foram se apagando. O que valia era o trabalho, o defeito do outro, a materialidade, e com tudo isto em primeiro plano foi-se perdendo a essência dos olhares, olhares que morriam aos poucos.
O amor cansou-se. Tristemente deixaram de ser “noivo e noiva”, tornaram-se peso um para o outro, gelo sob gelo. Não se encontravam nos detalhes, nos pequenos momentos, e os grandes se tornaram chatos, insuportáveis, o outro pouco ou nada significava. O encanto morreu. Como em um conto de fadas às avessas, o príncipe virou sapo, e sapos são asquerosos, nojentos... Diferente do encanto que faz-nos sorrir mesmo que os outros não vejam graça no ser amado. Encantar-se é isto: ver beleza além da aparência, dar horizonte de sentindo ao mínimo gesto. Ressurgir das cinzas!
Quando perde-se o encanto o amor morre, o príncipe transformado em sapo volta para a imensa escuridão do brejo e da solidão com o coração partindo, mas faz o que lhe era melhor, sabia-se intruso, sabia-se indesejado, sabia-se incapaz de manter acesso o brilho do primeiro olhar. A excitação da primeira noite...
No balanço da vida, não era o que queria, mas era o que ele precisava fazer, afinal sabia-se incapaz de fazer a princesa feliz e infeliz tornara-se!
A lua sua fiel companheira, (a lua é sempre companheira dos patetas e dos poetas) agora estava eclipsada. Estava de luto pelo amor que se apagou.