domingo, 12 de fevereiro de 2012

Credo de um herege...

 


Creio em Deus Pai, que fez do poder serviço.
Por amor criou o céu e a terra.
Creio em Jesus, homem-Deus, nosso irmão, companheiro, por isto modelo.
Concebido no seio de Maria, Senhora de palavra e da Palavra, feliz na alma e no corpo, por meio do Espírito que nutre a vida.
Supliciado sob o julgo político, religioso e social, por ordem de amantes do poder. Poder exercido em “nome de Deus” que acreditavam ou do imperador mundano e por incomodar a ambos Jesus foi crucificado.
Por amar, acolher, respeitar, restaurar, cuidar, denunciar, foi morto e quase esquecido como um herege, mas venceu a morte.  Ressuscitou, encantou-se, voltou ao Pai.
A Esperança alimenta a fé que este Jesus voltará para acolher os vivos e aqueles que já morreram, julgando-os a partir do amor!
Creio no Espírito que dá a vida.
Creio em comunidades de mulheres e homens que lutam pela justiça do Reino e colocam o ser humano acima de qualquer instituição.
Creio que os bem-aventurados tem algo em comum, vivem em comunhão buscando a justiça do Reino e aqueles que lutarem por ela farão parte da mesma mesa, livre dos erros, das discórdias e da divisão, por isto a morte não será seu fim, encontrão o amor perfeito: Deus, de quem saíram e para quem voltarão.
Assim Seja!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Olhos de ressaca ou olhar de medusa.


“Le vrai ce qu´il peut; Le faux este ce qu ´il veut”

                                         Madame de Duras


Ninguém sabia ao certo de onde viera... Ninguém sabia sua história. Apenas aparecera ali com alguém messiânico, para ocupar o lugar deixado em vacância.  Chegara como quem não quer nada, mas na verdade queria muito, e em um mundo capitalista, onde os outros são somente outros, querer era poder, ela, afinal devia ser leitora de Maquiavel, e já havia feito sua opção.
Seus olhos e seu olhares, como canta Leoni, continham milhares de tentações... Parecia frágil, simples, e como diz Platão, tudo que é belo em sua essência, é bom, ou vice-versa. O problema é que a analítica fundamental, no caso um olhar masculino meio turvo, errou: ali não morava a essência, ali estava à aparência, o simulacro. Por trás daqueles olhos de ressaca, havia um mar revolto que ninguém conhecia, e os menos desavisados poderiam afogar-se.
Como o mar, ela era algo instável, ora vinha, ora ia. Não tinha palavra definida, era em sua essência algo sem conceito. Nada confiável. Assim como o partido do pântano na revolução francesa, fazia o jogo da burguesia, mas queria mesmo era o luxo da nobreza. Com os olhos manipulava corações menos racionais. Porém, queria seduzir o dono do poder, assim como as cajazeiras de Dias Gomes, ou seria o inverso, seria um Odorico Paraguaçu “de saias”, que fazia juras de amor, mas na hora de dar-se, fazia um discurso enviesado e sai matematicamente pela tangente?
Neste caso não há respostas. Um ser de multifaces é sempre um perigo e um enigma pior do que a esfinge edipiana.
Chega-se, então, caro leitor, a uma conclusão, como os antigos gregos é melhor evitar o olhar da medusa, uma das várias faces dos olhos de ressaca, para não ser petrificado, e evitando o olhar, dizer: “Desculpa, eu estou de costas...”.