quinta-feira, 28 de julho de 2011

O BÊBADO E AS EQUILIBRISTAS.



...E um bêbado trajando luto imitou Carlitos.


Era uma tarde bela. Assim como todas as tardes de inverno. Entre amigos, ele ainda se sentia só. Amava a vida, amava os amigos porém naquela tarde estava triste. As lembranças o sufocavam. Tentava se equilibrar. Resolveu beber. E como bebia. Parecia uma esponja. Lembrava das escolhas que fizera. Não se arrependera, mas tudo lhe parecia triste. A melhor e a pior lembrança lhe aparecera personalizada em uma manhã de trabalho e como aquilo lhe machucara. Imaturo resolvera beber. As amigas equilibristas ouviram suas historias, umas verdadeiras, outras desejos inconscientes que a bebida trouxera à tona. E como suportaram aquela cena triste!
Queria naquele momento voltar a passado e refazer suas escolhas, ter coragem de dizer tudo que lhe angustiava, mas precisava beber.  O mundo triste era inspiração para pensar a vida e seus desdobramentos.
De certa forma agradecera por aquelas amigas equilibristas, suportaram aqueles gestos largos, quase desesperados, de quem queria mesmo era amar e não beber, queria apenas colo, pijama e carinho. Coisas do menino carente, que via à tona no corpo cansado do homem, que fizera da filosofia sua vida, mas gostava mesmo era da poesia que liberta a alma para o cuidado e a responsabilidade que gera cumplicidade e amor. O bêbado queria mesmo era ser amado. Pois o amor é pressuposto básico para a cura.