Definir o amor? Difícil. O que é amar. Diz André Comte-Sponville:
“Amar é aceitar, suportar quando preciso.
Alegrar-se quando se pode.
Sabedoria trágica é a única que não mente”.
Sabedoria trágica...Os gregos entendiam que o amor manifestava-se de três maneiras, pela amizade, pela paixão e pela totalidade. Amar é algo que se cultiva. O que não se cultiva morre. A paixão, por exemplo, é arrebatadora, como uma onda gigante destrói, machuca e fere, porém é um paradoxo, faz bem e deixa saudade. E...como é bom sentir saudade dos momentos bons que a paixão proporciona. Mas apaixonar-se não basta, é preciso cultivar a paixão, transformá-la em amor para atingir a totalidade. Todos querem ser amados, mas poucos conseguem manifestar o sentimento de cultivo que o amor exige. Há os que só exigem, só cobram e não aceitam ser cobrados ou exigidos. Estagnam no campo da paixão, passa a paixão, passa o “tesão”, não sobra nada. O outro deixa de ser sujeito e passa a ser objeto. Estes apaixonados de ocasião seguem o lema do poetinha: “Seja eterno enquanto dure...”. Mas quem pode dizer que estão errados? No período que alguns teóricos chamam de pós modernidade, o ser humano também pode ser visto como utilizável às vezes, descartável sempre. É a tendência do amor que apaixona-se e desapaixona-se: “Afinal, chato são os outros”, ou como diria Sartre: “O outro é meu inferno”.
Para sair do “inferno” é preciso olhar com o coração, somente o coração é capaz de enxergar o essencial, pois na essência do amor o ser humano é capaz de entrega-se sem reserva, de sorrir ao lembrar-se do ser amado, não se entendia, não se enche de orgulho, perdoa, compreende, não cultiva ciúmes, porque confia, enfim o amor cultivado depois da paixão pode construir, tornar-se eterno, permanecer, já poetizara Paulo, o apóstolo, na carta aos Coríntios. Mas este amor...ah, este amor não tem lugar no mundo pós moderno. Afinal vivemos em um mundo de belezas fabricadas, de cartões de crédito, de rede sociais, que, são bons em sua essência, porém seqüestram o tempo, o diálogo, o olhar do outro. Seqüestra o ser humano de si mesmo. Como já bem escreveu o poeta do eterno. Relacionar-se com o capital e o virtual torna-se menos complicado, e menos comprometedor do que relacionar-se com o real, com aquilo que desafia a todos a descobrir suas potencialidades e suas fraquezas. O amor, sabedoria trágica! Fugir de tal sentimento torna a vida mais fácil, pois abraçar o amor com todas as suas nuances pode tornar a vida angustiante demais, e afinal em tempos de PROZAC quem quer enfrentar a angústia do desafio de amar e ser amado?
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